"Não sou ainda suficientemente brasileiro. Mas, às vezes, me pergunto se vale a pena sê-
lo. Pessoalmente, acho lastimável essa história de nascer entre paisagens incultas e sob
céus pouco civilizados. Tenho uma estima bem medíocre pelo panorama brasileiro. Sou
um mau cidadão, confesso."(MARIO DE ANDRADE, 2002: 56)
Anatole France, o “gênio francês” era o nome da cultura que imperava no mundo pós-primeira guerra mundial. Na analise de Mario de Andrade faltava ao jovem brasileiro, na
época, vontade de agir, percepção da realidade a sua volta e isso os tornava infelizes.
Também conhecida como "moléstia de Nabuco", essa cultura impedia o processo de
abrasileiramento de país, pois os jovens vivam com os olhos na Europa.
Não vai longe o tempo em que o jovem brasileiro "médio" (refiro-me a estatura intelectual
ante a econômica) mantinha os olhos fitos na realidade do mundo exterior. Naquela época
Mario chamou para si a responsabilidade de iniciar a defesa do ideal brasileiro, afirmava
que era possível atingir a plenitude conciliando a vida com a religião numa espécie de
relação entre o corpo e o espírito.
Ai esta precisamente o ponto em que concordamos: espiritualidade e razão andam juntas.
Paulo, o apóstolo, escreveu "Porque lhes dou testemunho de que eles tem zelo por Deus,
porem não com entendimento" tem entusiasmo mas sem conhecimento, inteligência mas
sem orientação. Falta ao brasileiro espiritualidade, o verdadeiro Cristocentrismo,
sem isto, estaremos todos enfermos de "nabuquismo".
"A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia
de toda a ação". John Stott
José Alencar Lopes Junior
É pastor protestante, jornalista e membro honorário da APL cadeira 7H. Publicada em 11/12/11