sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sobre Brasilidade


"Não sou ainda suficientemente brasileiro. Mas, às vezes, me pergunto se vale a pena sê- lo. Pessoalmente, acho lastimável essa história de nascer entre paisagens incultas e sob céus pouco civilizados. Tenho uma estima bem medíocre pelo panorama brasileiro. Sou um mau cidadão, confesso."(MARIO DE ANDRADE, 2002: 56)

Anatole France, o “gênio francês” era o nome da cultura que imperava no mundo pós-primeira guerra mundial. Na analise de Mario de Andrade faltava ao jovem brasileiro, na época, vontade de agir, percepção da realidade a sua volta e isso os tornava infelizes. Também conhecida como "moléstia de Nabuco", essa cultura impedia o processo de abrasileiramento de país, pois os jovens vivam com os olhos na Europa.

Não vai longe o tempo em que o jovem brasileiro "médio" (refiro-me a estatura intelectual ante a econômica) mantinha os olhos fitos na realidade do mundo exterior. Naquela época Mario chamou para si a responsabilidade de iniciar a defesa do ideal brasileiro, afirmava que era possível atingir a plenitude conciliando a vida com a religião numa espécie de relação entre o corpo e o espírito.

Ai esta precisamente o ponto em que concordamos: espiritualidade e razão andam juntas. Paulo, o apóstolo, escreveu "Porque lhes dou testemunho de que eles tem zelo por Deus, porem não com entendimento" tem entusiasmo mas sem conhecimento, inteligência mas sem orientação. Falta ao brasileiro espiritualidade, o verdadeiro Cristocentrismo, sem isto, estaremos todos enfermos de "nabuquismo".

"A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é a paralisia de toda a ação". John Stott


José Alencar Lopes Junior
É pastor protestante, jornalista e membro honorário da APL cadeira 7H. 

Publicada em 11/12/11