Segundo Luiz Costa Pereira Jr, a melhor definição para Gerúndio é: Vício de linguagem que simula a formalidade e evita compromisso com a palavra dada, o gerundismo joga luz sobre o artificialismo nas relações sociais.

Há quem o defenda, como o professor de jornalismo Galdino Mesquita que diz: " Tão preconceituosa quanto inculta é a reação daqueles que estão condenando o gerúndio a qualquer pretexto. Muitas pessoas estão reagindo (e errando) quando julgam precipitadamente a pessoa que usa o gerúndio. O gerundismo é barbarismo. Já o gerúndio faz parte da última flor do Lácio, culta e bela. Certamente a razão de tão apaixonada defesa se deva ao fato dele nunca ter recebido, como eu, a resposta, "Vamos estar analisando seu projeto e estaremos entrando em contato". Esqueça isso nunca vai acontecer!
Diz o lingüista Sírio Possenti, da Universidade de Campinas: "Ao adotar o gerúndio numa construção que não o pedia, a pessoa finge indicar uma ação futura com precisão, quando na verdade não o faz". É no mínimo forçoso falar de uma ação isolada, que se concluiria num ato, como se fosse contínua. Quando respondem "Vamos estar analisando", forçam a barra para a ação requisitada, que potencialmente tem tudo para acontecer, não tenha mais prazo de validade (no caso concreto 4 meses já se passaram).
Devemos evitar a endorréia (o uso de muitos verbos juntos), sim, a palavra é parente da diarréia, para alegria dos humoristas. Mas a vítima do gerundismo não é o gerúndio isolado, in natura, é o artificialismo das relações sociais, a falta de comprometimento com a causa, o descaso da falta de ação, enfim, a superficialidade.
"Um dia me disseram/Que as nuvens não eram de algodão/Um dia me disseram/Que os ventos às vezes erram a direção/E tudo ficou tão claro/Um intervalo na escuridão/Uma estrela de brilho raro/Um disparo para um coração ... Somos quem podemos ser." (Engenheiros do Hawai, musica Somos quem podemos ser)
José Alencar Lopes Junior
É pastor protestante, jornalista e membro honorário da APL cadeira 7H.